Serão os produtos biológicos mais saudáveis?
Ai, onde me fui meter… mas este post é preciso, para mudar uma certa forma de pensar. Constato, que há uma certa ideia pre-definida que os produtos biológicos são automaticamente melhores que os outros. Mas será assim tão simples?
Recebo diariamente mensagens de leitores do blog, com pedidos de ajuda para descodificar rótulos. Desejam saber se é um bom produto, ou não, se podem consumir e oferecer aos filhos. Quando analiso e concluo que não é um bom produto, muitas vezes recebo a resposta “mas é biológico!”. Pois, mas ser biológico não é tudo nesta vida.
Isto acontece-me essencialmente com bolachas, iogurtes e produtos semelhantes, com o selo biológico. E claro, dentro destes produtos, há um mundo de marcas diferentes e subprodutos. O que sinto ultimamente é que as pessoas confiam demasiado no selo biológico, como se isso certificasse que o produto é uma opção mais saudável, que nem necessita de verificação de rótulo. Já encontrei coisas, que nem vos passa pela cabeça.
A última, foi precisamente um iogurte (nem de propósito depois do post de ontem). Um leitor apresentou-me um iogurte de aroma, biológico e procurava a minha opinião sobre aquele produto. Comecei a ler rótulo e vi uma coisa que nunca tinha visto “90% iogurte açucarado”. Não, não foi o açucarado que me causou espanto, isso vejo com frequência. Mas como assim, num iogurte só 90% do conteúdo da embalagem é iogurte? A que correspondem os restantes 10%? Continuei a ler o rótulo. Descreveu os 90% de iogurte, com leite de produção biológica, açúcar de produção biológica e os fermento lácteos. Quando fechou o parêntesis da descrição da parte de iogurte, apareceram os 10% do produto: açúcar (mais ainda), aroma e amido milho. Manifestei logo ali que não achava que fosse boa opção, primeiro porque tinha demasiado açúcar (13g/100g) e por não ser 100% iogurte, mas uma mistura de iogurte e farinha “Maizena”. Em alternativa poderia optar por um iogurte natural não açucarado biológico, se preferir, e uma peça de fruta.
Ora, não quero aqui dizer que agora tudo o que é biológico é mau – nem 8, nem 80. Não é assim. Mas ser biológico não impede que se tenha atenção ao rótulo e à tabela nutricional. Se quiserem saber mais como ler rótulos, recomendo este post: Sabe ler rótulos dos produtos?
As minhas dicas para escolher produtos, sejam biológicos ou não, são as mesmas:
1 – uma lista pequena de ingredientes;
2 – saber pronunciar e o que são esses mesmos ingredientes.
E sim, todas aquelas questões que nos preocupam nos produtos não biológicos, como o açúcar, a gordura ou o sal em excesso, também devem ser tema de preocupação nos produtos biológicos! Por serem biológicos, não quer dizer que possam ter estes nutrientes em excesso, que não faz mal.
Pessoalmente, se estiver perante um produto biológico, por exemplo, uma compota, com fruta de produção biológica e açúcar de cana de produção biológica adicionado, e uma compota não biológica sem açúcar adicionado, vou preferir a segunda, sempre. Dou primazia à lista de ingredientes e ao valor nutricional do produto, do que à origem (regra geral).
A minha recomendação: se realmente querem consumir produtos biológicos, atentem sempre aos rótulos, tal como fariam com produtos não biológicos. E se possível comparem esses produtos com os produtos não biológicos, em alguns casos, poderão ter agradáveis surpresas. 🙂
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Olá Leonor. Concordo consigo, um produto, só por ser biológico, não significa que é saudável.
Contudo, as dúvidas também existem perante o mesmo produto. Serão os produtos biológicos mais saudáveis (assumindo que estamos a comparar o mesmo produto)? Pesquisando, encontra-se pouca evidência científica sobre este assunto. Do ponto de vista teórico, prefiro consumir produtos sem pesticidas, mas não está demonstrado, na maioria dos casos, que aumente o risco desta ou daquela doença… e se me é fácil preferir morangos biológicos ou maçãs que vou consumir com a casca, será que há assim tanta diferença entre leite biológico ou não? Ovos biológicos e de galinhas criadas ao ar livre? E essa diferença justifica o preço?
Depois há outras que questões além da saúde, como a ecologia e a sustentabilidade…