Introdução da alimentação complementar – 7 dicas
Já passei pela introdução da alimentação complementar de três bebés. Uns mais fáceis que outros, mas sem dúvida que a experiência foi me limando, para saber lidar cada vez melhor com esta fase. E hoje trago-vos os meus segredos mais preciosos, para uma introdução da alimentação complementar mais tranquila.
O bebé não tem que comer
O segredo mais bem guardado da introdução da alimentação complementar! Na verdade o bebé não tem que comer. A alimentação complementar é isso mesmo, complementar ao leite, que continuará a ser o alimento primordial do bebé até aos 12 meses (por algum motivo se chamam lactentes até aos 12 meses). A introdução da alimentação complementar serve para mostrar ao bebé como se alimentar posteriormente, para além do leite. Esse período de experimentação, exploração e adaptação pode durar vários meses e deve ser visto assim mesmo: um período de experimentação, exploração e adaptação.
Também, não é suposto o bebé saciar a sua fome logo nas primeiras refeições. Eles não percebem o objectivo daqueles novos “brinquedos”. Só com o tempo perceberão os novos alimentos, que irão, eventualmente, substituir o leite, que os alimentou até então.
Com isto em mente, passa a ser mais fácil aos cuidadores do bebé relativizar todo o processo. Não faz mal se não comerem muito; não faz mal se passarem um dia inteiro a leite a meio do processo, porque nos é mais simples. Nada faz mal e tudo é normal. A única coisa que temos de aceitar enquanto cuidadores, é que o tempo do bebé merece ser respeitado. Nós não forçamos um bebé a andar, porque teremos de o forçar a comer?
O bebé não deve ter fome
E porque não se deve esperar que o bebé peça para comer, como pede para mamar? Pois imaginem que são esse bebé, cheio de fome, e que vos é apresentada uma coisa para comer que não conhecem ou não estão habituados. Estão rabugentos da fome e frustrados, por aquilo não ser a vossa comida habitual. Por isso, vão chorar, bracejar e manifestar-se vocal e fisicamente da melhor forma que conseguirem. Há comida pelo ar, gritos e choro do bebé e dos pais. Been there.
Por isso, o segredo é: no início da introdução da alimentação complementar oferecer a nova iguaria um pouco depois da última refeição de leite do bebé (eu espero 1h a 1h30). Numa altura que não tenha muita fome, que esteja bem disposto e receptivo à experiência nova.
O bebé não deve ter sono
Já sei como estão a imaginar o cenário: “porreiro, porreiro, é empanturrar o miúdo de comida, que ele depois vai logo dormir, para nós comermos descansados”. Errado. Péssima ideia. Um bebé cansado, não vai comer melhor, pelo contrário. Só vai aumentar o stress e ansiedade naquela hora. O bebé não come, está claramente cansado, esfrega a comida nos olhos, e na cara. Acaba por aterrar com a cara em cima do bocado de banana.
Agende as refeições para aqueles períodos depois de umas boas sestas, quando o bebé estiver bem disposto e activo. E assim de tudo agende a sua refeição para essa altura também, para que… (dica seguinte)
Sente-se à mesa com o bebé
Em seguimento do segredo anterior, sentem-se à mesa com o bebé, comam ao mesmo tempo que ele. Não pensem em despachar o bebé, para poder comer descansadas/os. Esse pensamento só vai trazer stress e tensão na hora da refeição ao bebé. Pensamentos do “porque não come mais rápido”, do triturar finamente a comida para ser mais fácil e nunca sair desse registo. O mais simples é ir comendo ao mesmo tempo que o bebé, com calma e tranquilidade, levando o tempo, que a refeição deve ter. E até deixar que ele lhe roube alguma comida do prato (se for adequada).
Também, ao comer com ele, comunica o que é suposto fazer-se naquele local, aquela hora: comer. Os bebés sentem-se mais confiantes em comer, quando vêm a família comer. É um instinto primitivo, pois querem copiar e comer comida segura. Se a mãe come, é seguro.
Não meça a comida
Também mede a comida que come? Há dias que os bebés bebem mais leite, outro menos. O mesmo com a alimentação complementar. Os bebés têm mais apetite nuns dias, menos noutros e isso deve ser respeitado. De nada serve medir comida e exigir-se que ele coma aqueles mls de sopa, aqueles mgrs de legumes, arroz, ou carne. Só criará mais stress em si, por ver que ele não está a comer o que “é suposto”, e frustração no bebé por não ter mais apetite e estar a ser forçado a comer.
Não crie expectativas
Querem uma opinião de quem já fez isto três vezes? Não vão com grandes expectativas que o bebé vai “papar a papinha toda”. Não vale mesmo a pena. Como disse antes, é um período de adaptação e é suposto eles fazerem isso mesmo: adaptarem-se. É suposto experimentarem a comida, ver o que acontece quando põem a língua de uma maneira, ou de outra, quando enrolam, quando abrem e fecham a boca e quando fazem brrrrrrrrr. O que acontece se enfiarem a mão dentro da boca, e a mão dentro da taça, de tentar agarrar uma colher.
Todos os dias são uma vitória e vejam-nos com gratidão, como mais um passo dado, na aprendizagem deles. Todos os dias aprendem uma (ou mais) coisa nova.
Relaxe
Pegue na máquina fotográfica tire umas fotos giras para colar na parede da cozinha. Relaxe e usufrua ao máximo destes momentos. Daqui a alguns meses vai ter pena de não ter registado aquele banho de sopa que o bebé deu a si próprio.
Adquirir e-books de como oferecer alimentos ao bebé.
Leia também
11 Comments
Deixe um comentário Cancelar resposta
Artigos mais lidos
Pois com a minha pipoquinha o problema é estar farta de leite (teve de ser adaptado logo desde o início) – não quer beber por nada, só faz uma refeição de leite por dia e a muito custo. Tudo o que é sopinha, fruta, pão… venha mais!! Safam-me os iogurtes naturais para um aporte de calcio mais “parecido” com o do leite. Felizmente já está perto dos 11 meses e não é tão crítica a recusa do leite.
A minha bebé tem 8 meses e desde os 6 que começamos a diversificar a alimentação. Como sopa e fruta ao almoço e jantar e come praticamente ao mesmo tempo que nós. Muitas vezes damos a sopa e enquanto nós comemos, deixamo-la “brincar” com alguns alimentos: pão, cenoura, batata, frutas aos pedaços, etc. Se a fruta e os legumes estiverem crus damos assim, num pedaço grande, sempre atentos para não se partir. Se for pequeno ou mole damos sempre naquelas redes próprias para chucharem sem risco de asfixia.
No vosso caso, como gerem essa questão? Nunca aconteceu os vosso bebes se entalarem? Connosco sim e assusta sempre um bocadinho. Daí a minha dúvida… até gostava de lhe dar mais texturas a experimentar sem a rede mas tenho medo. Alguma recomendação? Obrigada!
Olá! Essas redes perturbam a evolução deles. Para eles as frutas e legumes ganham a mesma textura e não conseguem sentir a diferença entre eles. É quase a mesma coisa como se lhes desse um puré. As minhas filhas só se engasgaram uma vez com puré de maçã cada uma. E o bebé actualmente engasga-se com água. Com alimentos nunca engasgou. Depois, tem que saber distinguir o que é engasgamento, asfixia e “gag reflex”. O “gag reflex” é um mecanismo próprio dos bebés para prevenir o engasgamento e a asfixia, em que puxam em jeito de vómito o alimento que estão a tentar engolir e não conseguem. Aí fazem um movimento, que às vezes parece que se estão a engasgar, mas não estão, e cospem o alimento. Se se sentir mais confortável, pode fazer um curso de primeiros socorros. Mas independentemente da idade, os bebés ou crianças que vão experimentar pedaços, não começam a comer e a mastiga-los como desejamos. Eles precisam de experimentar engolir vários tamanhos de pedaços e perceber quais conseguem e quais não conseguem. Só assim, aprendem a mastigar para diminuir o alimento à dimensão que conseguem comer. O meu filho tem quase 10 meses e come tudo inteiro (excepto frutas e legumes crus rijos). Mastiga normalmente e desfaz o alimento para o engolir.
Olá .. o meu pequeno iniciou a alimentação complementar vai fazer 1 semana e ao comia melhor nos incisos dos dias do que ao agora ao terminar a semana. Come quase nada até penso que será da papa, mas já faço papa pelo menos há dois anos e penso que não estarei errada. A minha outra filha come tudo e eu tb.
Já tentei dar lhe com o copo e ele já comeu mais um pouco. Mas já não sei o que fazer conheço a ficar preocupada. Não sei se terá fome. Se for eu a dar lhe ele quer a mama.
Algum conselho. Obrigada
Olá! Com uma semana ainda é muito cedo para ficar preocupada 🙂 que idade tem o bebé?
[…] 7 dicas para a introdução da alimentação complementar […]
Ola Leonor! Parabens pelo blog. Como fez a introduçao da carne e peixe?
Obrigada
Filipa
Olá! Nas minhas filhas fiz a introdução com os pratinhos de açorda e farinha de pau, aos 7 meses. O Francisco começou a comer aos pedacinhos aos 6 meses e picos.
E seguia a indicaçao/recomendaçao das 10 g por dia ? Obrigada
Olá, não me lembro das quantidades ao certo, mas acho que eram mais que 10g por dia. Acho que rondava os 25-30g por dia.
[…] E sobretudo, nesta primeira fase, a refeição deve ser feita com tempo, sem pressas e pressões. Têm algumas dicas de como começar a alimentação complementar neste post: Introdução da alimentação complementar – 7 dicas. […]