O maior inimigo das mães
Podia enumerar muitas coisas que podem ser consideradas inimigas das mães. Mas à distância do tempo, em que estou, e sobretudo após quase 2 anos e meio de contacto com muitas mães, concluí que o maior é um, e só um: a desinformação.
Sem dúvida que a principal peça da maternidade é o instinto materno. É-nos natural, intrínseco e o “a mãe é que sabe” é 100% verdadeiro. Nós sabemos. Às vezes não sabemos ler os sinais, interpreta-los, mas é inegável que desejamos o melhor para os nossos filhos. Fazemos o nosso melhor, por mais que nos doa, que nos custe, que achemos que será impossível. Mas damos o nosso melhor.
Contudo (!!!), há informação, que nos ajuda a tomar as melhores decisões possíveis em relação aos nossos filhos. E ainda melhor que tudo, essa informação é livre e acessível. Não falo de blogs. Os blogs, como este, como o meu, tem um objectivo muito claro: partilhar uma experiência, uma opinião, um pensamento ou raciocínio. Não sou profissional de coisa nenhuma para ser levada num sentido literal o que escrevo e o que faço. Sou uma mãe. Como tantas outras tenho as minhas dúvidas e inseguranças. Mas tenho também muita curiosidade, vontade de aprender e investigo muito, estudo muito, para tomar as melhores decisões possíveis, para mim e para a minha família. Posso estar certa, ou errada, não sei. Neste momento o que faço, faz sentido para mim e é uma permanente aprendizagem.
Voltando à questão da informação. Esta existe, é de livre e fácil acesso! Têm as actas da Sociedade Portuguesa de Pediatria, livros, artigos de jornais internacionais com estudos, completamente livres e de acesso público. Existem os profissionais de saúde. Mas se as mães têm um objectivo em mente em relação ao cuidado dos filhos, procurem o profissional de saúde que corresponde a esse ideal e a esse objectivo. E melhor que tudo, não existe só um, mas existem vários, por isso podem pedir 2, ou 3, ou 4, ou 5 opiniões, até que fiquem satisfeitas.
Vejo muitas vezes, por todo o lado, aqui no blog, um pouco por toda a internet, na minha vida, mães que sofrem constantemente com a desinformação. Que não sabem o que é um pico de crescimento num bebé, que desconhecem as “crises” dos bebés (para comer, para dormir e tudo mais), que não sabem o objectivo da alimentação complementar de um bebé aos 6 meses, que desconhecem a probabilidade de uma criança vir a sofrer de intolerância ao glúten, se a sua introdução não for feita até aos 7 meses de idade do bebé, da anorexia fisiológica do 2º ano de vida. Entre tantas outras coisas. E isto não são coisas que o nosso instinto nos diz, infelizmente. Mas para nossa sorte, há pessoas que se dedicaram a estudar tudo isso e a partilhar connosco! Cabe-nos procurar, conhecer, educar-nos. Sobretudo, tomar decisões com todos os dados e opções em cima da mesa, e com consciência disso. E isso aplica-se a tudo: amamentação, alimentação, educação, sono, saúde, etc.
Uma coisa é certa. Apesar de fazermos o melhor que conseguimos pelos nossos filhos, nunca se dêem por satisfeitas. Há sempre por onde melhorar, por descobrir. Porque se escolheram ser mães dessas maravilhosas criaturas que têm em casa, eles merecem isso de vocês.
5 Comments
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Tão mas tão verdade.
Beijinhos e obrigada
Grande Leonor, adorei o texto, é a mais pura das verdades!!!! O instinto é tão nosso, mas querermos saber sempre mais é um factor que só nos faz bem, e faz bem principalmente aos filhotes.
Quanto mais informadas tivermos, melhor conseguimos lidar/ ultrapassar as diversidades. E há dias daqueles….
Um beijinho grande
Carla
http://omundodacarlaaos30.blogspot.pt/
Eu cá acho que é uma outra variação: informação a mais e não saber pensar/criticar/filtrar a mesma. Não nos ensinam a pensar e por isso lemos 1000 opiniões e vamos pela que nos parece melhor. Em vez de sabermos ler ciência e distinguir da pseudo-ciência, perceber o que está por trás das notícias que vemos sem teorias da conspiração a mais mas relativizando o que é dito, etc…
Também!! O que quero dizer é que é importante procurar informação fidedigna!! E ela existe e está disponível para toda a gente.
Gostaria de acrescentar que esse também é o papel do pediatra ou médico ou enfermeiro que acompanha a mãe e o bebé: passar informação, sugerir literatura para os pais se informarem e tomarem decisões conscientes. Esse acompanhamento é também uma lacuna no apoio às famílias por cá.
Felizmente tenho o apoio de uma pediatra que sugere, dá opiniões mas também nos diz “informem-se aqui, leiam A ou B e depois tomem a vossa decisão”. Isto é importante: Ensinar as pessoas a serem pais e fazerem as escolhas à medida da sua família e perspectiva de vida.