Escolhas alimentares aos 4 anos
Numa escola como a das miúdas, em que é opcional levar o lanche de casa, a grande questão que me colocam é: e quando elas começarem a reparar no lanche dos outros? Não quero de forma alguma julgar o lanche das outras crianças em relação aos das minhas miúdas. As escolhas alimentares de cada criança é da competência das suas famílias, que enviam dedicadamente a melhor opção possível para os lanches. Mas temos que aceitar, que tanto os outros pais enviam alimentos que eu pessoalmente não escolheria, como eu envio coisas que os outros pais podem não concordar (sinceramente, quem manda tomate para o lanche dos miúdos?)
A L. já começou a reparar que os lanches são diferentes dos das outras crianças. Diz-me sempre que os dela são os mais bonitos e deliciosos e pouco comenta os dos outros. Até hoje ainda só me fez dois reparos nos lanches dos colegas.
Um dia chegou a casa a pedir palitos de cenoura crus para o lanche do dia seguinte. Disse que uma amiguinha levava e ela também queria. Achei uma ótima ideia e como é que nunca me tinha lembrado dessa opção antes? Dias depois, enquanto folheava uma revista, deparou-se com uma página publicitária aos petit-suisse. Ficou parada a olhar e disse que aquilo era bom, que já tinha provado de uma outra amiguinha ao lanche. Fiquei incrédula! Já sabia que não a podia “proteger” para sempre, nunca imaginei que fosse tão cedo. Tentei desenvolver mais a conversa, perceber o que realmente ela sentia em relação aos lanches dela e dar-lhe a possibilidade de escolher e responsabiliza-la mais pelas opções que leva. Ela disse que preferia os lanches dela tal como estão, desde que continuasse a mandar pauzinhos de cenoura de vez em quando.
E é neste ponto, neste dia, que vejo os resultados de todo este meu trabalho: a minha filha aos 4 anos faz escolhas alimentares, de acordo com as nossas convicções. Nada a impedirá de experimentar outros alimentos, que eu optei por não oferecer em tão tenra idade, mas tenho a certeza e a confiança, que de alguma forma (e não sei bem como, nem porquê), ela percebe o que deve reter como bom hábito alimentar, daquele que deve ser pontual e esporádico.
Tags In
6 Comments
Deixe um comentário Cancelar resposta
Artigos mais lidos
Olá,
Antes de mais obrigada por toda a partilha e todas as receitas (já daqui tirei óptimas ideias!).
Por opção, evito ao máximo dar açúcar ao Afonso. Vou-lhe fazendo as suas guloseimas com açúcar natural da fruta por exemplo e ele não sente necessidade (tem 18 meses).
No entanto, confesso que me assusta muito estar a chegar a uma altura em que os amiguinhos começarão a levar bolos de aniversário para a escola, e também dificilmente conseguirei dizer: o Afonso não come – se todos os outros tiverem a comer.
Assim, queria perguntar como lida com isso? Elas comem bolos de aniversário na escola?
Obrigada,
Filipa
Olá! Comem, sempre comeram. E às vezes a L. faz-me descrições de bolos cheios de creme, e pasta de açúcar, etc. Desde que andam na escola (18 meses) que comem os bolos de aniversário dos amiguinhos. Mas aí está a moral deste post, as excepções fazem a regra, e é por isso que precisamos desses momentos (e das avós e das tias) para validar toda a educação alimentar que vamos dando. De alguma maneira elas percebem o que é a regra, o que é normal que comam diariamente e percebem quando é o dia de excepção, que podem comer algo mais guloso. Naturalmente, não são grandes apreciadoras de doces, nunca comem uma fatia de bolo tradicional inteira, tiram os cremes para o lado, nem conseguem comer um bombom inteiro (partilham sempre comigo, dizem que é muito grande). A L. já vai percebendo e já vai dizendo o que considera guloseima e o que não considera guloseima. Quando tem dúvidas pergunta. Incrivelmente acerta sempre e distingue muito bem do que realmente é guloseima, do que não é.
Espero que o Afonso venha também a ter esse discernimento e essa capacidade de escolha 😀
Obrigada!
[…] Começámos a semana com os preferidos das miúdas: uvas para T., palitos de cenoura para a L., iogurte e tostas de centeio. Esta semana escrevi sobre como a L. veio com a ideia de lhe mandar palitos de cenoura para o lanche. Se quiserem descobrir porquê, é por aqui. […]
Curiosidade – foto: está a comer uma fatia fininha de courgete? crua?
Sim 🙂