1anos

Faz hoje um ano estávamos assim, a T. de um lado do tabuleiro e eu do outro lado. Iniciávamos assim a alimentação complementar, a poucos dias de completar 6 meses de vida e 6 meses de amamentação exclusiva. Iniciávamos uma nova etapa, uma importante etapa.

O início da diversificação alimentar da L. e da T. foram um pouco diferentes. No caso da L. tinha muita curiosidade em relação a esta nova fase, alguma pressa, quem sabe. Mas também aconteceu, porque a L. tinha um intestino preguiçoso e em conversa com a pediatra concluímos que talvez a introdução de legumes viesse ajudar. Apontámos para depois dos 5 meses e bem dito, bem feito. No próprio dia que comeu a primeira sopa, tratou do assunto “fralda” sozinha. Foi um alívio. Mas olhando à distância do tempo, sinto que não a “ouvi”, nem respeitei o seu momento. Na altura não sabia como, mas com o tempo fui aprendendo e fui respeitando cada vez mais os tempos dela, quando é que ela estava preparada para novas aventuras, sobretudo alimentares.

Com a T. foi diferente. A T. começou a dar sinais que queria algo mais que o leite materno aos 5 meses. Um dia, agarrou-se a um naco de maçã e sugou-o até à exaustão. Eu achava cedo, ela “dizia-me” que não. Lembro-me bem o ar fervoroso com que olhava para a comida da irmã, lambia os lábios, esticava-se para agarrar… a L. nunca me tinha feito aquilo antes de experimentar a sua primeira sopa. Fui adiando, por convicção minha e porque dentro da minha cabeça só ouvia “amamentação exclusiva até aos 6 meses”. Até que naquele dia acordei e pensei “vá, se ela tivesse nascido uma semana antes, hoje já teria 6 meses…”. Comprei legumes frescos e preparei-lhe a primeira sopa: batata, cenoura, cebola e alface. O ar de excitação dela ficará para sempre gravado na minha memória, como quem grita “finalmente percebeste!!”. Correu bem, comeu meio prato e no dia seguinte comeu um inteiro. Desde então que come sempre tudo, que adora tudo (não gosta de cenouras cozidas e cogumelos, vá), que come com gosto e satisfação. 

1anoss

O que pretendo que se retire desta minha exposição é: respeitem o bebé. Eles sabem, de alguma forma sabem, e avisam (!!!), quando as coisas devem acontecer. A marca dos 6 meses não é ao acaso, acredito (e começa a provar-se cada vez mais) que seja aquela em que a grande maioria dos bebés está preparada, sobretudo fisicamente. Acho que hoje em dia os bebés perdem a exclusividade do aleitamento (tanto materno como artificial) cedo demais, seja por pressão das famílias, dos profissionais de saúde, até mesmo da própria sociedade e das leis por que se regem. Por isso, olhem para os vossos bebés e tentem perceber se é hora de diversificar a alimentação, ou se será melhor esperar mais um bocadinho, sob a premissa que se inicia aí a longa e árdua tarefa de educação alimentar.

Devem estar atentos aos seguintes sinais:

– quando metem qualquer coisa na boca, já não põe a língua para fora (ou seja, perdem o reflexo de protrusão da língua, um reflexo de protecção das vias aéreas).

– sentam-se bem direitos sem ajuda.

– mostram interesse pela comida dos pais ou irmãos e já fizeram o clássico “furto de comida da mesa”, que é tirarem qualquer coisa que está no prato ou na mão dos pais e levarem à boca.*

*por Dr. Mónica Pina, Médica, Consultora de Lactação, Moderadora da La Leche League