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Conheci a Not Guilty Pleasure nas minhas buscas por refeições sem carne (que entretanto se alargaram bem mais para além das segundas-feiras). Gostei tanto do blog, das fotografias que dão vontade de lamber o monitor do computador, que resolvi convidar a Patrícia a sugerir uma receita para a nossa primeira segunda-feira sem carne de Junho.

A Patrícia, que é uma simpatia e um amor, aceitou logo e aumentou a parada com a promessa de uma receita deliciosa e apropriada para as miúdas cá de casa.

Como explica no blog, a Patrícia tornou-se vegetariana quando saiu de casa dos pais. Aliado a isso veio a necessidade (e vontade) de cozinhar. O blog dela é o exemplo perfeito que o vegetarianismo é uma opção muito normal, que não implica digressões por sítios de nomes estranhos para comprar ingredientes. E a comida é simplesmente normal, e linda, com cores deslumbrantes.

 

LC – O vegetarianismo e a culinária, no teu caso, andam de mãos dadas, pois quando começaste um, começaste outro. Qual é o balanço que fazes ao final de 5 anos destes dois mundos, que para ti, é um só?

Patrícia, Not Guilty Pleasure (NGP) – O balanço que faço é o melhor possível!! Quando comecei a cozinhar o mundo da culinária era ainda um pouco estranho para mim, mas o vegetarianismo, e a vontade de querer ter uma alimentação com sabor, fez-me ler muito, pesquisar muitas receitas e experimentar todo um mundo desconhecido. Aos poucos fui-me sentido mais à vontade entre os meus tachos e panelas, fui experimentando receitas que via em blogs ou em livros com ingredientes novos para mim e isso ajudou também a que desenvolvesse paixão pela cozinha vegetariana, que é tão versátil! Actualmente cozinho e como de maneira bem diferente de há 5 anos atrás, já não preciso de ter uma receita à frente para conseguir fazer o jantar, alimentos como o abacate, as lentilhas ou a quinoa já não são estranhos para mim e um bolo sem ovos já não é uma dor de cabeça. Aprendi muito e ainda tenho tanto mais para aprender, o bom destes dois mundos é que há sempre coisas novas para descobrir e experimentar!

“Penso que o estilo de vida vegetariano, especialmente a vertente vegan, é muitas vezes mal compreendido. Essa foi a principal razão pela qual quis criar este blog. Para mostrar que o que comemos não vem de Marte, que as nossas receitas podem ser deliciosas e que respeitar a vida animal e o planeta em que vivemos não é assim tão difícil e deixa-nos um enorme sentimento de dever cumprido.”

LC – Gosto muito desta frase no texto de apresentação do teu blog, porque acho que é um sentimento geral, que os vegetarianos/vegans comem coisas esquisitas e fazem compras em sítios que não lembram a ninguém, o que não é bem assim… certo?

NGP – Felizmente cada vez há mais informação sobre alimentação vegetariana mas ainda me deparo com muitas perguntas do género “onde é que compras as tuas coisas?” ou “isso é feito de quê?”. Portanto, desmistificando já a coisa: nem tudo o que os vegetarianos comem é feito com soja e não é preciso de ir ao Celeiro ou lojas do género, para encher a despensa! 😉

Eu como o que toda a gente come: feijão, grão, arroz, batata, massa, cenouras, couves, espinafres, tomates, fruta, pão, etc. etc. Onde é que os compro? Onde toda a gente compra: no mercado de rua, no Minipreço, no Aldi, no Jumbo, etc, etc. Nada de estranho, certo? 🙂 Mesmo alguns produtos que normalmente que possam parecer mais “esquisitos” como os leites vegetais, o tofu, o seitan, a quinoa e até mesmo detergentes / produtos de higiente ecológicos e não testados em animais, já existem nas grandes superfícies, acessíveis a toda a gente. E sim, compro algumas coisas no Celeiro, mas porque gosto de algumas marcas que lá encontro, por exemplo das natas vegetais e do molho de soja. Nada que não se encontre já em qualquer supermercado! 🙂

LC – Como reagiu a tua família e amigos, com a tua decisão? Sentes que afectou de alguma maneira as tuas relações sociais?

NGP – A minha mudança não foi radical, foi acontecendo, pelo que tanto a família como os amigos foram-se adaptando. Mas não achei nada complicado e não sinto que tenha afectado as minhas relações com eles, até porque o sou a melhor visita que podem ter: levo sempre comida! 😛
No início claro que tive de ouvir as piadas da praxe, mas agora já é algo natural e tanto a família como os amigos têm a preocupação de arranjar qualquer coisa que possa comer, por isso não sinto qualquer constrangimento em relação às minhas escolhas alimentares.

LC – Achas que as Meatless Monday, ou as Segundas-feiras Sem Carne, são um bom exercício para as pessoas de dieta omnívora reflectirem e estarem mais alertas aos problemas de saúde e ambientais, que o consumo excessivo de carne acarreta?

NGP – Era bom que assim fosse! Eu gostava que esse movimento tocasse verdadeiramente as pessoas, que lhes proporcionasse o “click” nas suas consciências, e que lhes fizesse perceber como um dia sem comer carne ou peixe salva tantas vidas e é tão importante para o planeta. E que essa percepção as levasse de uma Segunda-feira sem Carne a uma Semana sem Carne e quem sabe, a uma Vida sem Carne. Se isso acontecer nem que seja só a uma pessoa, já é algo de muito bom. 🙂

A Patrícia deixou-me a receita ideal para este dia: Dia da Criança. Qual é a criança que não adora hambúrgueres e batatas fritas? Falo por mim, as miúdas cá de casa adoram batatas fritas, e eu fiquei radiante com esta sugestão da Patrícia de fazer batatas “fritas” no forno. Também é uma ótima receita para as mãozinhas gordinhas aí de casa darem uma ajuda, ora vejam!

Hambúrgueres de Feijão e Beterraba com Batatas "Fritas" no Forno [desde os 12 meses]
Serve 6
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Ingredientes para os hambúrgueres
  1. 2 chávenas de feijão branco cozido (cerca de 320g)
  2. 1 cebola média, finamente picada
  3. 1 beterraba média, finamente ralada
  4. 1 cenoura média, finamente ralada
  5. 1 dente de alho, picado
  6. 1 raminho de tomilho, apenas as folhas (ou salsa picada, se preferir)
  7. 1 colher de sobremesa de vinagre balsâmico
  8. 5 colheres de sopa de pão ralado
  9. azeite e sal q.b.
Ingredientes para as batatas "fritas"
  1. batatas
  2. azeite
  3. sal
  4. amido de milho (farinha maizena) q.b.
Ingredientes para a "maionese" de abacate
  1. 1 abacate maduro
  2. 1 pitada de sal
  3. 1 colher de sobremesa mal cheia de sumo de limão
  4. 1 dente de alho pequeno, ralado (ou 1 pitadinha de alho em pó)
Instruções
  1. Numa frigideira colocar 1 fio de azeite, a cebola e o alho e em lume brando deixar amolecer sem queimar.
  2. Quando estiver alourado, juntar a beterraba e o tomilho, envolver e adicionar o vinagre balsâmico e uma pitada de sal. Deixar cozer uns 2-3 minutos. Reservar.
  3. Numa tigela esmagar o feijão com um garfo ou com um esmagador de batata. Não precisa de ficar um puré uniforme, se tiver alguns pedacinhos do feijão não faz mal.
  4. Juntar a beterraba já arrefecida, a cenoura crua e o pão ralado. Misturar bem e rectificar os temperos.
  5. Colocar a massa no frigorífico enquanto se preparam as batatas
  6. Cortar as batatas no sentido do comprimento, em 4 rodelas grossas e essa rodelas cortar em palitos grossos.
  7. Com um pano de cozinha limpo ou papel absorvente, enxugar as batatas para tirar o excesso de água e colocar numa tigela grande.
  8. Juntar 1 pitada de sal e 1 fiozinho de azeite e envolver.
  9. Por fim juntar o amido de milho (1 colher de sobremesa por cada batata), envolver bem para que a farinha se distribua.
  10. Colocar as batatas num tabuleiro de forno com papel vegetal ou tapete de silicone, separando-as para que não se toquem, de modo a ficarem estaladas e levar ao forno a 200ºC, 15min de cada lado.
  11. Moldar os hambúrgueres com a massa reservada e levar ao forno ao mesmo tempo que as batatas, também em papel vegetal ou tapete de silicone (se houver espaço até pode ser no mesmo tabuleiro) e virar ao mesmo tempo que as batatas.
  12. Retirar a polpa do abacate, esmagar com um garfo, temperar com o sal, o sumo de limão e o alho. Mexer bem.
  13. Servir no pão ou no prato, com uma salada a gosto.
Notas
  1. A receita das batatas do livro "Oh She Glows Cookbook"
  2. O amido de milho deixa as batatas mais crocantes, como se fossem fritas, mas pode não ser usado, as batatas ficam igualmente deliciosas sem ele.
Na Cadeira da Papa https://www.nacadeiradapapa.com/
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Se fosse a vocês, não deixava aquela “maionese” de abacate como opção, porque eu experimentei este fim-de-semana e digo-vos, é a melhor maionese de sempre! E eu que nem sou fã de maioneses…Logo ao jantar vou testar esta receita! Já estou a salivar…