Segunda-feira Sem Carne, mas com… #02
Tal como fiz do mês passado, nesta primeira segunda-feira do mês resolvi ter ajuda para a minha segunda-feira sem carne. Conheci a Ânia e o Necas através de um artigo da revista Sábado online, e mais a fundo num grupo de facebook em que estamos juntas, o Crescer Vegetariano. A minha admiração pela Ânia foi instantânea. Derreti-me por completo, quando me quis enviar algas kombu directamente dos Alpes!
Pois é, a Ânia e o Necas (7 anos), e restante família, o pai Alexandre e os irmãos António (6 anos) e Henrique (2 anos), são portugueses e vivem perto dos Alpes franceses, em La Ravoire. São vegetarianos desde o início deste ano, impulsionados pelo desejo do Necas (Nelson) em não querer comer carne. “Morro” com frequência com as fotos e receitas que a Ânia coloca na página do facebook A Arca do Necas. Tal como Noé, o Necas está a tentar salvar o máximo de animais possível.
Quando a desafiei a sugerir-me uma receita para esta segunda-feira sem carne, a Ânia não conseguia decidir-se, e lá me apresentou a sua receita de cogumelos, super colorida e divertida.
LC – Qual o teu balanço nestes mais de 3 meses de vegetarianismo?
Ânia Araújo (AA) – Balanço super positivo! Ao início temos sempre um frio na barriga, pensamos se conseguimos dar conta do recado. Somos responsáveis por nós, mas pelos 3 miudos e não podemos correr o risco de faltar com tudo o que eles precisam. Mas de repente informas-te sempre mais um pouco e percebes cada vez melhor onde ir buscar o que é preciso, e começas a ver resultados. Sou muito de cozinhar por intuição e passados 3 meses parece que é a minha realidade de todos os dias!
LC – O sítio onde vives dificulta ou facilita o vegetarianismo, em relação a Portugal (disponibilidade e preço dos produtos)?
AA – Aqui é um paraíso!!! Quer a nível de disponibilidade quer a nível de preços. Já tinha percebido desde cedo que eles aqui são muito “bio”, e nas lojas da especialidade como a Biocoop há tudo para todos os gostos. Uma oferta excelente e praticamente tudo de fabrico nacional. Os preços em relação ao preço da carne e peixe daqui compensam largamente! Posso afirmar que gasto bem menos agora por semana que há 4 meses atrás. Mas restaurantes Veggie é impossível! Simplesmente não existem!!! E aí, já vi páginas de uns mesmo poderosos.
LC – Como reagiu à família à decisão? Tanto o Necas, que já rejeitava a carne há algum tempo, como o Alexandre e o António que sempre viram com bons olhos a carne? E claro tu. O Henrique deduzo que ainda não tenha grande opinião sobre o assunto.
AA – O Henrique por coincidência ou não come bastante melhor agora, mas sim, sempre foi boa boca. O Alexandre foi uma grande e boa surpresa. Na verdade nem falámos muito sobre o assunto, um dia falámos todos sobre “a partir de amanhã não comemos mais carnes!” Sem stress, sem pressões mas todos recebemos bem a mudança (também tentei mesmo fazer das ideias e receitas mais apelativas ao início eheheh). Mas para ser totalmente sincera o Alexandre e o António são de terem saudades de almôndegas ou de bolonhesa antiga. Eu não a cozinho mas também não me oponho a que comam se assim o sentem. Ontem o António pediu com um brilho nos olhos uma fatia de fiambre! E comeu mas também não repetiu. Respeito os desejos do corpo de cada um (mas não me peçam para cozinhar os meus fofinhos que já não consigo!), até porque é por aí que os próprios percebem o que o corpo responde. O Nelson….. Esse até mudou a cor e as feições! Está completamente radiante!!! Eu sinto na alma e no corpo. Tenho uma energia tão melhor. Tinha 20 kgs em excesso, tenho menos 11 kgs e consigo correr! Todos os dias!!! Tudo depois da mudança.
LC – Achas que as Meatless Monday, ou as Segundas-feiras Sem Carne, como eu lhe chamo, são um bom exercício para as pessoas de dieta omnívora reflectirem e estarem mais alertas a estes problemas de saúde e ambientais, que o consumo excessivo de carne acarreta?
AA – É um começo e todo o começo é um ponto de partida! Toda a iniciativa que tenha na sua essência a redução do consumo de carne é a meu ver um ótimo exercício para o corpo e para a alma. Faz reflectir faz pesquisar e descobrir mais um pouco da realidade até agora tão mascarada e distante. Faz ousar e descobrir novos alimentos. Para mim fez-me descobrir todo um novo universo altamente rico que a natureza nos oferece! Faz-me perceber que o mundo e o planeta são muito muito mais do que tradições e crenças enraizadas. Cada um faz sempre o seu melhor mas cada um de nós pode ser sempre ainda melhor. Acredito e que tudo acontece a seu tempo e tudo acontece quando tem de acontecer. A mudança vem de dentro para fora e quem tem a iniciativa de começar pelas segundas feiras e porque já tem dentro a raiz que pede para germinar.
Logo vou reproduzir os “Cogumelos À Moda da Bonnie” da Arca do Necas. Segue a receita para quem quiser tentar comigo.
- 1 colher de azeite
- 300 grs de cogumelos brancos
- 1 alho-francês
- 1/2 pimento amarelo
- 1/2 pimento laranja
- 1 beringela
- 3 tomates
- 1 cubo de caldo de legumes
- 2 mãos cheias de espinafres
- Sumo de meio limão
- Vinho tinto de mesa q.b.
- sal q.b.
- Numa frigideira, refogar o alho-francês. Juntar os cogumelos, os pimentos às fatias, a beringela aos cubos com casca, os tomates aos cubos.
- Juntar o caldo de legumes, o sumo de limão e o vinho.
- Tapar e deixar estufar por 5/7 minutos.
- Juntar os espinafres, desligar o lume e deixar amolecer as folhas por 2 minutos.
A Ânia serve estes cogumelos com tostas. Mas depois de conversar com ela, vamos experimentar servir com uma mistura de cuscuz e quinoa.
* Todas as fotos foram cedidas pela Ânia para este post.
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