Faço sempre muita pesquisa para as segundas-feiras sem carne. Escolho as receitas que acho que a família vai gostar, e acima de tudo, receitas que estejam ao alcance de todos, sem ingredientes que não sabemos pronunciar. Conheci imensas páginas e blogs de pessoas, que fizeram do meatless um estilo de vida, e não consomem carne todos os dias! Achei que seria interessante “visitar” a cozinha dessas pessoas, e aprender umas receitas meatless para as nossas segundas-feiras. 

Bom, não visitei literalmente, aproveitei os benefícios que a internet nos oferece, de nos aproximar daqueles que possam estar mais longe.

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Um dos primeiros blogs que comecei a seguir foi o da Patrícia Marques, o Patrícia is cooking. Quando me preparava para escolher uma receita para o um dos meus meatless dinner, preferi pedir directamente à Patrícia, que me sugerisse uma receita. Algo simples, delicioso, e que não fosse preciso ir ao Japão comprar ingredientes. Algo que fosse fácil de conseguir num supermercado qualquer. 

Enquanto ela procurou no seu manancial de receitas, resolvi, curiosa, fazer algumas perguntas.
LC – Como nasceu o teu interesse pelo vegetarianismo/veganismo e porque resolveste um dia tirar a carne e o peixe da tua alimentação?

Patrícia Marques (PM) – Decidi mudar a minha alimentação há 23 anos atrás. Com 14 anos, a minha mudança teve tudo a ver com as reações próprias da idade, que no meu caso me levaram ao vegetarianismo pela questão animal. Ao longo destes 23 anos a evolução é obrigatória, quando a ética fala mais alto, por isso foi fácil evoluir para o não consumo de peles animais, de produtos de higiene e de limpeza testados em animais e lacticínios e ovos e mel. Por isso, tudo começou pelo respeito por todos os animais e pela natureza e só muito mais tarde vieram as questões de saúde que hoje em dia têm muito peso nas minhas escolhas alimentares.

A Patrícia mostrou-me um empadão de 4 com cogumelos e ervilhas que me encheu logo o olho. Tínhamos que o fazer!

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LC – Portugal é um país claramente marcado pela sua gastronomia, muito ligada à pecuária e pescas. Como afectou a tua decisão as tuas relações familiares e sociais há 23 anos atrás? E agora?

PM – Felizmente a minha família aceitou bem a minha decisão, embora mais ninguém tenha seguido as minhas mudanças. No entanto, há 23 anos atrás nada se comparava com a facilidade que é ser-se vegetariano hoje em dia, naquela altura existiam poucas lojas onde comprar alimentos alternativos à alimentação tradicional, hoje existem produtos alternativos em todos os supermercados e restaurantes vegetarianos espalhados por todo o país. Socialmente também não me posso queixar, no início amigos e família esperaram que fosse uma fase rebelde própria da idade, hoje em dia, 23 anos depois é impossível alguém questionar. Tradicionalmente temos receitas riquíssimas e interessantes óptimas para ” veganizar”. Depois nasceram os filhos e tudo ganhou mais sentido.

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(a Patricia também tem uma liquidificadora-que-aquece-bate-e-pica, mas ela chama-lhe outra coisa…)

LC – Acho que há a ideia generalizada que os vegetarianos/vegans comem coisas esquisitas, que não lembram a ninguém. Mas penso que a nível de cozinha, é tudo muito parecido, só com ingredientes diferentes. Olha nós aqui a fazer um empadão. E ainda há aquela ideia que os vegetarianos/vegans têm carências nutricionais, o que não é de todo verdade, certo?

PM – Não, nem comemos coisas esquisitas, nem temos carências alimentares. Bem, se nos alimentarmos mal também nós podemos ter carências alimentares, se formos uns vegetarianos que não gostam de legumes e que se alimentam de fast food (pois também os há) o mais certo é termos carências alimentares como qualquer pessoa que se alimente com o mesmo princípio mesmo com base em alimentos de origem animal. Para que não haja carências em qualquer tipo de escolha alimentar é preciso variedade e qualidade de alimentos. Eu sou prova viva de que com uma alimentação correcta vegetariana só temos benefícios, uma saúde de ferro é um bom indicador.

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LC – Achas que as Meatless Monday, ou as Segundas-feiras Sem Carne, como eu lhe chamo, são um bom exercício para as pessoas de dieta omnívora reflectirem e estarem mais alertas a estes problemas de saúde e ambientais, que o consumo excessivo de carne acarreta?

PM – Um dia que seja é sempre melhor do que nenhum dia. Acho uma excelente iniciativa, pois chama a atenção para o vegetarianismo e para o impacto que o consumo de carne tem no planeta e na saúde.

Logo vou reproduzir este empadão. Tem um ar delicioso! Aliás, todo o blog da Patrícia dá vontade de dar trincas no ecrã (correm rumores que ela tem um bolo de chocolate de bradar aos céus).

Segue a receita deste maravilhoso empadão, que também podem encontrar no blog da Patrícia, juntamente com outras fantásticas receitas vegetarianas e vegans. Ou ainda, acompanhar a Patrícia via Facebook, para estarem a par de todas as novidades do seu blog, ou babar para o teclado em primeira mão! 

Empadão de 4 com cogumelos paris e shitake e com ervilhas
Serve 4
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Ingredientes
  1. 150g de cogumelos paris
  2. 100g de cogumelos shitake
  3. 120g de ervilhas
  4. 2 cebolas médias
  5. Salsa picada fresca
  6. Fio de azeite
  7. Sal e pimenta
  8. 2 batatas doces médias/grandes
  9. 2 batatas médias
  10. 1 chuchu
  11. 1 couve-flor média
  12. Sal e pimenta
  13. Noz moscada a gosto
  14. Fio de azeite
  15. 100 ml de leite vegetal
  16. Pão ralado ou queijo vegan para polvilhar
Instruções para robot de cozinha
  1. Para fazer o puré, começar por cozer as batatas e o chuchu e a couve flor no leite vegetal durante aproximadamente 20min. Bimby 20min/100º/vel.colher.
  2. Depois de cozinhados esmagar juntando um fio de azeite, sal pimenta e noz moscada. Bimby com a borboleta 1min/vel.3,5.
  3. Saltear a cebola laminada num fio de azeite com o sal e a pimenta. Depois de estar loirinha acrescentar os cogumelos laminados e as ervilhas (deixar descongelar primeiro) e deixar cozinhar em lume médio.
  4. No final acrescentar a salsa fresca picada e envolver.
  5. Num tabuleiro colocar o puré no fundo, rechear com os cogumelos e as ervilhas, e cobrir com mais puré.
  6. Pode se polvilhar com pão ralado ou queijo vegan.
  7. Ir ao forno para aloirar.
Na Cadeira da Papa https://www.nacadeiradapapa.com/
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*Todas as fotos e receita, foram cedidas pela Patrícia para este post.