Farinha-de-pau
Não sou certamente a pessoa indicada para vos dizer se farinha-de-pau se escreve com hífens, ou sem hífens, e distinguir farinha-de-pau de farinha de mandioca. Vou apenas partilhar o pouco que sei e que aprendi nos últimos dois anos e meio que cozinho esta pequena iguaria.
Ouvi falar pela primeira vez em farinha-de-pau, com um pediatra que consultámos na altura da introdução da alimentação complementar da L. Tinha ela perto de 6 meses, estávamos com dúvidas, e queríamos mais informações para cruzar com aquelas que a nossa pediatra assistente vinha a dar. Ora, a dada altura, o senhor pediatra fala em açordas, legumes cozidos esmagados e farinha-de-pau, lá para os 7 meses. Acenei com a cabeça como se soubesse do que ele falava, desde pequenina… (not). Cheguei ao carro e perguntei ao meu marido o que era “farinha-de-pau”. Olhou para mim, com o ar mais escandalizado que lhe conheço – até parecia que lhe tinha perguntado quem era o Cristiano Ronaldo -, e disse “Não sabes o que é?!? Coitadinha, não tiveste infância…”. Ainda hoje me lembro destas palavras! Não me soube esclarecer. Que era comida já eu tinha percebido há 30 minutos desde que o médico tinha falado. Consultei ao Tio Google, mas nada do que encontrava me agradava, ou me parecia plausível de dar a um bebé de 7 meses (fritos, refogados, pimentos e tomatadas…). E a quem recorremos quando o Tio Google não é esclarecedor? À minha mãe, que tudo sabe. “Sei lá! Nunca ouvi tal coisa…”. Bolas, também não foi grande ajuda…
Comecei a querer esquecer aquele tema. Afinal de contas, tinha sido falado por um pediatra que nem era o nosso! Pois bem, apenas alguns dias depois, na consulta de rotina com a nossa pediatra, volto a ouvir aquelas palavras “farinha-de-pau”… “lá para os 7 meses”. Confessei, na maior da minha ingenuidade e humildade, que não sabia o que era. E recebi quase a mesma resposta que o meu marido me deu dias antes “Mas o que lhe dava então a sua mãe, quando você era pequenina?”. Pois… farinha-de-pau é que não era. Pedi que me explicasse como fazer, ao que ela responde “Não sou grande ajuda, porque nunca me sai bem!”. Comecei a perceber que aquilo era coisa aqui do norte, ou pelo menos da invicta, e ora bem, eu não sou de cá! Estou cá emprestada. Em conversa com algumas pessoas de cá, com a minha sogra sobretudo, lá arranjei uma forma de confeccionar a dita farinha-de-pau para minha L. Foi amor à primeira colherada, ainda hoje adora, e ainda hoje lá me pede farinha-de-pau, que faço para nós adultos também.
Ora, deixamo-nos de histórias e passamos a coisas importantes. O ingrediente principal da farinha-de-pau é a farinha de mandioca. É um produto tipicamente brasileiro, e a base de alimentação de muitas tribos indígenas no Brasil. A forma mais popular que conhecemos cá em Portugal – ou pelo menos a que eu conhecia – é a farofa, que consiste na farinha de mandioca frita (espero não estar a dizer uma asneira muito grande), e é encontrada em todos os restaurantes de comida brasileira. Como a farinha é feita à base de raiz de mandioca, não contém gluten, indicada para pessoas com doença celíaca. É muito rica em hidratos de carbono e fibras. Cozinhada sozinha, é um bom substituto de arroz, massa, ou batata; e cozinhada com carne ou peixe e legumes, é uma prato completo. É muito versátil e pode-se fazer as combinações de ingredientes que se desejar.
Já agora, eu chamo farinha-de-pau, à dita cozinhada, e farinha de mandioca ao ingrediente, mas há quem chama coisas diferentes.
* foto daqui
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