Começo por pedir perdão aos meus filhos, se ao final de muitos anos lerem este post e descobrirem que fui eu a Fada dos Dentes o tempo todo. Desculpem-me. Mas reconheci na Fada dos Dentes uma ótima personagem para incutir nos miúdos, bons hábitos de higiene oral e não só.

A Luísa começou a perder os seus dentes há mais ou menos 1 ano, em Setembro do ano passado. Perdeu os dois incisivos centrais de baixo e ficou-se por aí. Esta semana perdeu o 3º dente, um incisivo central de cima. 

Sempre disse que não ia alimentar este tipo de fantasias nos meus filhos: Pais Natais, Coelhinhos da Páscoa, etc. Mas a história da queda do 1º dente da Luísa, fez mudar um pouco isto. O dente caiu, sem aviso (não abanava sequer) durante a hora de almoço na escola. Ela não o viu, simplesmente sentiu falta dele. Ela acha que caiu e se perdeu, eu acredito que tenha engolido. Chegou-me desolada, que sem dente, a Fada dos Dentes não a visitaria!! O que ia eu fazer? Aumentar o desgosto dela ainda mais dizendo que a Fada dos Dentes não existe? Não fui capaz. Mordi a língua, comprei um pequeno brinde e escrevi-lhe uma carta. Na carta tranquilizei-a, que o Esquadrão de Fadas dos Dentes encontraram o seu dente e levaram-no para a Terra das Fadas dos Dentes.

Achei que ficaríamos por ali e que não tinha de repetir a graça. Errado. O segundo dente caiu 3 dias depois, durante o pequeno-almoço. Subitamente olho para a minha miúda de 5 anos e meio e ela estava petrificada a olhar para aquele bocadinho dela na mão. Começou a chorar, sem percebermos bem porquê. Aquilo afectava-a. Era um pedaço dela, que saia do corpo dela!! Mais uma vez recorri à Fada dos Dentes e escrevi-lhe uma carta a tranquiliza-la, que a queda dos dentes faz parte do crescimento, que os dentes de bebé caem, para darem a lugar a dentes maiores e mais fortes!

Encontrei na Fada dos Dentes uma aliada. Ela ajuda-me a tranquilizar a minha menina nestas transformações todas que está a passar, a esta coisa que se chama crescer. Nesta última carta elogiei o quão bonito e brilhante estava o seu dente, que são os mais valiosos na Terra das Fadas dos Dentes. Incentivei que continuasse a escovar bem os dentes, todos os dias, para que fiquem todos assim.

Sinceramente, não sei se faço bem, ou mal. Espero que quando os miúdos descobrirem que a Fada dos Dentes não existe, que eu consiga me justificar apelando ao conceito de alter ego (brincadeira). Com a Luísa fez sentido esta abordagem e eu tive que mudar a forma como pensava. Ela tem uma imaginação muito fértil, sempre com histórias, personagens encantadas. Foi a forma que encontrei, de lhe trazer conforto e tranquilidade nesta fase, que se mostrou mais difícil para ela, do que antecipei. E também algum incentivo a que continue a cuidar bem dos seus dentes.

 

E por aí? Também se “aproveitam” da Fada dos Dentes e outros seres imaginários?