Desabafo…
Nunca pensei em usar o blog como espaço de desabafo, mas sobre este assunto, acho pertinente partilhar com os leitores estas minhas angústias. Verdade, também me angustio de vez em quando, sobretudo no que toca às miúdas cá de casa.
Quem nos segue, percebe que sou a favor de oferecer as oportunidades que levem a autonomia das crianças. Penso, que em nada beneficiamos em priva-las da exploração e do auto-incentivo, e que ao fazermos podemos estar a perder as conhecidas “janelas de oportunidade” para o desenvolvimento delas.
Sempre achei que a L. fazia as coisas dentro dos tempos exigidos, como se isso existisse. A primeira e única vez que chorei ao ver a autonomia dela, foi um dia, à saída da escola, em que ela disse que precisava de ir à casa-de-banho; prontifiquei-me a ajuda-la, como já vinha sendo hábito nos últimos meses, e de modo muito assertivo me disse “não, eu vou sozinha”. Fiquei ali, basbaque, a ver o processo todo, de como ela se desenrascou sozinha. E sim, soltei a bela da lágrima, de orgulho e tristeza. Orgulho de ver a minha bebé a crescer, desenrascar-se e a não depender de ninguém. De tristeza, por já não “precisar” de mim. Foi algo que me fui apercebendo gradualmente. Quando ela deixou de mamar, já não precisava de mim para a alimentar, quando começou a andar, já não precisava do meu colo para a transportar, quando começou a comer sozinha, já não precisava de mim para lhe levar a colher à boca. As coisas foram chegando gradualmente, fui ganhando uma menina independente e perdendo o meu bebé pequenino. Este era o último marco de bebé que “perdia”.
Depois chegou a T. Ainda dentro da barriga, prometia ser um despacho – menos para nascer, que quanto isso, tanto uma como outra, foram obrigadas e bem obrigadas. Apesar de ser um autentico bebezão de 14 meses, que se aninha no nosso colo, dorme se for preciso, coisas que a L. nunca fez, vejo-a a tornar-se numa menina crescida a cada dia que passa.
Hoje dei por mim assim, no meio delas as duas, cada uma a tomar o seu pequeno-almoço e nenhuma me pediu ajuda. Raparam os seus pratos, tomei o meu pequeno-almoço em sossego, como já não tomava há muito tempo, e fiquei assim incrédula de como deixo de ter bebés tão cedo. A T. já anda, já se mete com a irmã, já partilham brincadeiras e eu fico a olhar. Já não preciso de mediar aquela relação, de chamar a atenção da L. que a T. ainda é pequena, nem afastar a T. da L. para não lhe puxar os cabelos. Estão as duas umas crescidas, e no meu íntimo, eu não quero isso.
É assim um sentimento esquizofrénico, um sentimento tão de mãe! Queremos que vençam, que consigam sozinhos, que sejam autónomos e independentes, desenrascados e bem sucedidos. E depois, choramos pelos cantos, pelo nosso trabalho bem feito, e por já não precisarem de nós, da sua mamã. A minha mãe sempre me disse, que eu só lhe iria dar valor, quando fosse mãe. E dou por mim, agora com quase 30 anos, a pedir tudo e mais alguma coisa à minha mãe, e a vê-la de sorriso rasgado no rosto a ajudar-me, a ver-me “bebé”, mesmo quando já não o sou.
Espero então, que daqui a 30 anos, volte a ter os meus bebés de volta. Cá estarei durante esses 30, e os seguintes para ser a mamã, que sempre precisarão.
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Chorei um pouco…Começou a andar há 3 dias….Identfiquei-me!
Desabafo lindo e tão genuíno. Acho que vivemos numa sociedade de "pressas"… Contra mim falo… Por vezes dou por mim com pressa a "sonhar" que esse cenário que descreveu aconteça…. Ao ler este desabafo percebi que afinal não quero assim tanto…. OBRIGADA por este momento!
Como entendo o meu pequenito de 10 meses parece um menino com mais de um ano. Porquê querer crescer tão rápido. Onde está o meu bebé. É a eterna dualidade de ser mãe querer que cresçam autónomos e chorar com cada vez conquista deles
Eu não tenho pressa, simplesmente não lhes ponho travões, e deixo-as ir à maré delas mesmas. Tento respeitá-las e aos seus tempo, ouvi-las quando sentem que conseguem e estão preparadas. Simplesmente, ser assim, é ter que viver com esta "coisa" de que eles conseguem fazer as coisas mais cedo do que imaginamos. Às vezes são lágrimas de alegria, de confiança que serão pessoas bem sucedidas no futuro, mas não deixam de ser lágrimas de nostalgia, quando lembramos que faziam aquelas coisas conosco ao seu lado, a amparar as quedas, ou a segurar o bracinho. Faz parte de ser mãe, esta "caldeirada" de sentimentos 🙂
Ai quando começam a andar… agora mal abro a porta de casa, a T. já vem pelo pé dela, tenta abrir a porta do elevador sozinha. Mas o que é isto??
Se me dissessem que iria ter saudades de elas serem bebés, antes de sequer estar grávida, iria-me rir na cara. Agora já se percebe o que custa ser mãe. E os anos que temos pela frente… aiiii…
Ainda ontem quando estava a dar o jantar ao Duarte pensava nisto. Como é possível já ter passado 14 meses. Como? Por mais volta que dê, a conversa é sempre a mesma "já diz mamã, já anda, já brinca sozinho… já, já, já… já está tão crescido! já está tão independente o meu bebe. E agora, pergunto eu como vai ser daqui para a frente? 🙂 🙂
Acho que vai sendo cada vez pior. Estou para ver o que me vai dar, quando me pedirem para irem ao cinema com os amigos. Acho que me encosto num bar qualquer… agora começo a sentir pena pelos meus pais, tadinhos. 😛
Agora também fazes posts lamechas que fazem chorar? Não está bem!!! Deixa lá, acho que sentimos todas isso… Fiquei foi parva quando disseste que a T já comia sozinha! O Lucas é um trapalhão de primeira, ainda não consegue usar a colher sem ser para deixar cair metade e a seguir ir brincar com a comida. 😛 Ou então vai à mão e também cai metade pelo caminho… Por isso essa tarefa ainda tenho para mim! 🙂
Tenho dias! 😛